O bonapartismo é uma doença da
república, no caso da república francesa. Como sistema político descende directamente
do cesarismo romano, e reaparece sempre que a representação política é precária
ou insuficiente. Pode dizer-se que é a última fase de qualquer regime
republicano. Uma fase em que os partidos tradicionais se afundam e com eles a
democracia que representam. Para ser mais específico estamos a falar de uma
democracia clientelar muito parecida com a portuguesa.
Em termos operacionais o cesarismo
traduz-se, como o nome de césar indica, numa política intervencionista, de
cariz militar, comandada pela necessidade de unir por fora aquilo que está
desunido por dentro. Bonaparte não precisa de parlamento para discutir seja o
que for, governa por decreto a partir do Eliseu, apoiado numa espécie de união
nacional que vai referendando tudo o que Napoleão propõe. Esta aventura não
costuma durar muito e acaba quando acabam as vitórias militares. Waterloo é a
imagem que me ocorre.
Mas os tempos são outros e as circunstâncias
também e por isso vejamos quem é e donde surgiu este novíssimo candidato a
Bonaparte!
Em Fevereiro de 2015 podia ler-se
que Hollande e o seu primeiro ministro Manuel Valls para não correrem o risco
de ver chumbada determinada legislação no parlamento francês optaram pela via
do decreto presidencial, uma excepção antidemocrática que a democrática constituição
francesa permite, mas que raramente tem sido utilizada pelos presidentes
franceses. Mas desta vez foi, o que provocou ondas de choque no sistema partidário
nomeadamente no partido socialista que então governava. A dita lei chamava-se –
Lei Macron – e tinha sido fabricada pelo ministro da economia de Hollande, um
tal Emanuel Macron! Legislação restritiva, que tocava em direitos adquiridos, se calhar necessária, mas não a vamos discutir neste momento. O que nos interessa é o retrato, vá lá, o esboço deste napoleãozinho. O que sabemos hoje é que com alguma surpresa é o actual presidente da
França e neste fim de semana ganhou as legislativas com grande facilidade e grande
abstenção. E também sabemos que criticou Putin por causa dos homossexuais e que apertou a mão de Trump com tal energia que os Estados Unidos deram um grito de dor! Ora bem, esta energia é perigosa imaginando que o homem se vê a marchar à frente dos canhões e a disparar para tudo o que mexe! Perigosa para a Europa,
para a senhora Merkel e para o mundo. Mas há quem aprecie, e eu também aprecio,
os grandes génios militares. Os grandes cabos de guerra! Só que Macron não é militar
e segundo consta o general lá em casa não é ele.
Saudações monárquicas
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