sábado, outubro 08, 2005

Reflexão autárquica

Quem assistiu ao último debate dos cinco candidatos à Câmara de Lisboa, deve ter ficado elucidado sobre o que é que está em jogo nestas eleições!
Não é decerto Lisboa. A cidade e as suas gentes, mais buraco, menos buraco, mais barulho, menos barulho, mais assalto, menos assalto, ficará mais ou menos na mesma. Qualquer que seja o candidato vencedor.
Porque estas, como outras eleições locais, enquanto estiverem completamente partidarizadas, servem para tudo menos para o objectivo a que se propõem: melhorar a condição de vida dos munícipes, em articulação com outras autarquias, já existentes ou a criar.
Mas não, no Domingo, os candidatos estarão apenas preocupados com os resultados, em função das estratégias traçadas pelos respectivos partidos, na luta sem tréguas pelo poder central.
Nos outros Países Europeus também é assim, dirão.
Pois é, só que esses Países da União Europeia, a que não há maneira de aderirmos (salário mínimo incluído), já fizeram as reformas do Estado necessárias e não “construíram” as assimetrias regionais que por aqui, laboriosamente, vamos dilatando!
Percebe-se que a questão das assimetrias não preocupe muito os partidos, e por duas boas razões – todos eles vivem em Lisboa e são eles que provocam as assimetrias!
Mas pergunto eu, o que fazem os partidos nas autarquias?!
No saneamento básico ainda se admite que a esquerda tenha alguma prática, adquirida intensivamente a seguir à revolução dos cravos, e nesse sentido, autarquias que precisem de obras desse tipo, devem arriscar uma escolha socialista, CDU (grande especialista em saneamentos) ou no Bloco de Esquerda (estes, sem prática, mas muita vontade de experimentar!).
Mas com franqueza, não me parece que a concepção democrata Cristã de uma “rotunda” seja muito diferente da visão trotskista da mesma! E também estou convencido, que a série de piscinas olímpicas prometidas, para além de arruinarem definitivamente os cofres das autarquias e do Estado, pouca diferença fazem, se for o PS ou o PSD a executar a “loucura”!
Haverá sempre gente disponível para discutir e argumentar que sim, que é muito importante, não tenho dúvidas sobre isso. Portugal é que não tem dinheiro para pagar a tanta “importância”, nem aguenta tamanho impacto eleitoral.
Por falar em dinheiro – meio milhão de candidatos envolvidos, durante onze dias, e depois de eleitos, todas as despesas visíveis e invisíveis, todas as mordomias, hoje e no futuro, de tanta gente! Mas isto é a ponta do iceberg!
Esta gente eleita, só serve para reunir e discutir, “fiscalizar” e intrigar. Depois, como cogumelos, temos os técnicos de tudo e mais alguma coisa. Não esquecer de acrescentar nesta lista, os outros funcionários autárquicos, porque há sempre, outros!
O País é pequeno?!.. A gastar o que não produz, não é nada pequeno!
Debate encerrado. Quem ganhou?
A televisão é que sabe.

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