terça-feira, outubro 18, 2005

Inferioridades

Duplicados e em inferioridade face ao outro grande colonizador ibérico, Portugal marcou presença na cimeira de Salamanca. O Director do jornal ‘A União’ de Angra do Heroísmo, também tem dúvidas sobre a qualidade da nossa representação! Com a devida vénia, transcrevo:

“ Cimeira Ibero-americana


Estou por aqui ao lado, em Bragança, bem perto de Salamanca onde está a decorrer mais uma Cimeira Ibero Americana congregando grande parte dos presidentes, chefes de governo e ministros dos negócios estrangeiros das duas dezenas de países que compõem a América Latina, Espanha e Portugal.

Apetece ir lá, tomar uma cerveja com Hugo Chavez na Praça Mayor, ouvir a conversa de Lula sobre a corrupção, ouvir um bom som brasileiro, escutar os comentários dos estudantes universitários, e fazer uma saúde qualquer ao jantar no restaurante a Mesta, falando de touros e de mar. Se estivermos com atenção às notícias o que preocupa os espanhóis são as migrações. O projecto é conseguir um modelo comum de gestão de migrações entre os vários países de forma que os mais amarrados à Europa possam passear, investir e trabalhar para os vários sonhos por construir na América Latina. E também para que recebamos brasileiros e venezuelanos que é uma das soluções de irmos competindo com a China sem atrair muitos sub – saharianos e ucranianos. O que preocupa os castelhanos é assim uma gestão dinâmica da cultura que é a forma mais bruta de procurar um modelo comum de gestão de migrações. No concreto tratar-se-á talvez e somente de relativizar o Espaço Shengen, produto da Alemanha e da França, para facilitar vistos, permitir acessos aos sistemas de saúde e de educação e facilitar a cobrança de impostos e contribuições. Os portugueses, estranhamente, estão preocupados com um piloto que aguarda há um ano julgamento na Venezuela por ser suspeito de tráfego de droga. A atender às notícias parece que a ausência de Fidel de Castro também é uma questão essencial para a estratégia nacional face à América Latina e a Espanha. Á primeira vista apetece ridicularizar esta personalização da política internacional, como se tudo dependesse do José e do Fidel. Todavia, de um ponto de vista mais abrangente, talvez seja mesmo mais importante para o futuro das pessoas e dos sítios da América Latina a forma como se controla o circuito da droga no mundo e a maneira como evolui o regime de Castro. Para quê mais um papel para supostamente facilitar uma melhor circulação de pessoas se essa burocracia será difícil de melhorar em países como os nossos? Sabemos bem que ou há uma liberdade de circulação quase total e o controle é feito pelos colegas de trabalho e vizinhas de bairro, ou então o dito modelo de gestão de migrações só melhorará a vida para alguns e criará mais papéis impossíveis para os outros. Vamos então à agenda portuguesa que passa por beber um copo com Hugo Chavez e marcar um jantar em Trinidad de Cuba com Fidel, Lula, Hugo, João Carlos e... A chatice é que não sei se temos um representante nacional à altura!

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