“Aqui venceremos ou morreremos” – foi a divisa de D. João de Áustria!
A 7 de Outubro de 1571, a armada católica esmagou o turco Ali-Pachá em Lepanto, numa batalha decisiva para a sobrevivência da Cristandade.
Mas a longa tenaz do Islão nunca deixou de apertar. A ameaça que vinha do Oriente não abrandou e manteve-se às portas de Viena.
Metternich, o chanceler austríaco que “travou” Napoleão, quando lhe perguntavam “onde era o Oriente?”, explicava – “O Oriente começa no fim da minha rua”!
O Império Otomano, que durava desde o século XIII, desfez-se enfim, batido pelas forças Aliadas, nas sequelas da primeira guerra mundial. Kemal Ataturk e os seus “jovens turcos”, tentaram então “ocidentalizar” a Turquia e construíram sobre as ruínas do velho Califado, o Estado republicano e laico que chegou aos nossos dias.
Esta breve resenha histórica para situar a questão da actualidade: Deve a Turquia fazer parte da União Europeia?
A resposta seria simples se houvesse um entendimento comum sobre o que é a União Europeia, que como se sabe não há!
É uma simples associação de comércio livre? É uma Instituição comercial que pretende ter uma política comum? É uma associação política de Estados, que visa tornar-se um Estado federal? É uma regra moral? É uma circunstância política?
Da resposta a esta e outras perguntas poderia resultar uma aproximação ao que se pretende – satisfazer ou compensar os turcos pelos serviços prestados durante a guerra-fria à causa do Ocidente, representada pelos Estados Unidos.
Aliás as posições contraditórias e egoístas de alguns Estados comunitários (a França, por exemplo), fazem lembrar curiosamente as mesmas desconfianças que no século XVI se instalaram entre os estados Cristãos, disponíveis para fazer frente à ameaça turca! Com efeito os esforços de S. Pio V para unir a Cristandade, esbarravam muitas vezes nos protestos da Espanha, que acusava a Sereníssima República de Veneza de fazer pactos com os turcos, à revelia da causa comum!
Mas regressemos às dúvidas: as do lado turco.
Os turcos perderam a memória e já esqueceram o seu passado de grandeza?
Setenta anos de “deslocação de interesses”, sublimados nas pequenas vitórias de Ataturk, serão suficientes para apagar as grandes vitórias, como a tomada de Constantinopla?
Os optimistas europeus, terão imaginado que poderia acontecer aquilo que em séculos nunca aconteceu – a possibilidade dos turcos serem assimilados, já não digo pelos nossos valores, em claro declínio, mas pela miragem de uma sociedade de abundância?
E podemos também acrescentar os convenientes e inconvenientes afincadamente discutidos nas reuniões de Washington e Bruxelas – a decepção e a reacção turca!
Como se vê problemas não faltam.
Por exemplo – se abrirmos o espaço Shengen, bastará que os emigrantes turcos chamem as suas famílias para junto deles, para provocar de imediato um entupimento geral na União!
Ou ainda – e se eles, ressentidos connosco, resolvem estender a sua influência a oriente e regressar ao Califado?!
Não vale a pena andarmos às voltas porque as coisas são aquilo que são e só os aprendizes de feiticeiro pensam ter descoberto a pólvora, ou então repetem, que o mundo entretanto mudou. Claro que o mundo está sempre a mudar, infelizmente, nem sempre no melhor sentido! Pelo contrário, em termos de carácter e dignidade, regredimos. Como esperar então que os outros tenham mudado para melhor?!
Os turcos são os turcos e nós somos nós. Temos culturas diferentes, religiões diferentes – eles pelo menos, têm religião, e não vão abdicar dela em nome de qualquer laicismo que lhes queiramos impingir. Nesse sentido, os turcos devem continuar a ser tratados como turcos para que não haja equívocos desnecessários.
E para que a vitória de Lepanto não tenha sido em vão.
A 7 de Outubro de 1571, a armada católica esmagou o turco Ali-Pachá em Lepanto, numa batalha decisiva para a sobrevivência da Cristandade.
Mas a longa tenaz do Islão nunca deixou de apertar. A ameaça que vinha do Oriente não abrandou e manteve-se às portas de Viena.
Metternich, o chanceler austríaco que “travou” Napoleão, quando lhe perguntavam “onde era o Oriente?”, explicava – “O Oriente começa no fim da minha rua”!
O Império Otomano, que durava desde o século XIII, desfez-se enfim, batido pelas forças Aliadas, nas sequelas da primeira guerra mundial. Kemal Ataturk e os seus “jovens turcos”, tentaram então “ocidentalizar” a Turquia e construíram sobre as ruínas do velho Califado, o Estado republicano e laico que chegou aos nossos dias.
Esta breve resenha histórica para situar a questão da actualidade: Deve a Turquia fazer parte da União Europeia?
A resposta seria simples se houvesse um entendimento comum sobre o que é a União Europeia, que como se sabe não há!
É uma simples associação de comércio livre? É uma Instituição comercial que pretende ter uma política comum? É uma associação política de Estados, que visa tornar-se um Estado federal? É uma regra moral? É uma circunstância política?
Da resposta a esta e outras perguntas poderia resultar uma aproximação ao que se pretende – satisfazer ou compensar os turcos pelos serviços prestados durante a guerra-fria à causa do Ocidente, representada pelos Estados Unidos.
Aliás as posições contraditórias e egoístas de alguns Estados comunitários (a França, por exemplo), fazem lembrar curiosamente as mesmas desconfianças que no século XVI se instalaram entre os estados Cristãos, disponíveis para fazer frente à ameaça turca! Com efeito os esforços de S. Pio V para unir a Cristandade, esbarravam muitas vezes nos protestos da Espanha, que acusava a Sereníssima República de Veneza de fazer pactos com os turcos, à revelia da causa comum!
Mas regressemos às dúvidas: as do lado turco.
Os turcos perderam a memória e já esqueceram o seu passado de grandeza?
Setenta anos de “deslocação de interesses”, sublimados nas pequenas vitórias de Ataturk, serão suficientes para apagar as grandes vitórias, como a tomada de Constantinopla?
Os optimistas europeus, terão imaginado que poderia acontecer aquilo que em séculos nunca aconteceu – a possibilidade dos turcos serem assimilados, já não digo pelos nossos valores, em claro declínio, mas pela miragem de uma sociedade de abundância?
E podemos também acrescentar os convenientes e inconvenientes afincadamente discutidos nas reuniões de Washington e Bruxelas – a decepção e a reacção turca!
Como se vê problemas não faltam.
Por exemplo – se abrirmos o espaço Shengen, bastará que os emigrantes turcos chamem as suas famílias para junto deles, para provocar de imediato um entupimento geral na União!
Ou ainda – e se eles, ressentidos connosco, resolvem estender a sua influência a oriente e regressar ao Califado?!
Não vale a pena andarmos às voltas porque as coisas são aquilo que são e só os aprendizes de feiticeiro pensam ter descoberto a pólvora, ou então repetem, que o mundo entretanto mudou. Claro que o mundo está sempre a mudar, infelizmente, nem sempre no melhor sentido! Pelo contrário, em termos de carácter e dignidade, regredimos. Como esperar então que os outros tenham mudado para melhor?!
Os turcos são os turcos e nós somos nós. Temos culturas diferentes, religiões diferentes – eles pelo menos, têm religião, e não vão abdicar dela em nome de qualquer laicismo que lhes queiramos impingir. Nesse sentido, os turcos devem continuar a ser tratados como turcos para que não haja equívocos desnecessários.
E para que a vitória de Lepanto não tenha sido em vão.
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