Não acaba, como escreveu Vasco Pulido Valente em brilhante artigo que, com a devida vénia, transcrevo na parte que me interessa:
- “ (...) A bem ou a mal, temos de saber que existem eleições e conviver com criaturas que não se recomendam. Fugitivos da justiça, trapalhões de carreira, corruptos comprovados, frades sem roupeta e filósofos fictícios berram, injuriam, agarram, puxam e abanam o cidadão para o convencer da sua excelência. Recebendo do Estado mais de 50 por cento do dinheiro que gastam, não são responsáveis financeiramente. Impedidos de tocar na lei do arrendamento, não são responsáveis pela direcção urbanística de parte alguma. Sem autoridade sobre a PSP e a GNR, não são responsáveis pela segurança. Não são também responsáveis pelo ordenamento territorial, pelo trânsito, pelo sistema escolar (felizmente!), pela saúde ou até por obras públicas de certo peso. São, em suma, irresponsáveis por 308 parcelas do território (tirando as freguesias), metade das quais se devia abolir, e servem principalmente para distribuir dinheiro (com duvidosa utilidade) e prover os compadres com empregos, quando não com negócios. Não admira que este enorme ‘saco azul’ inspire uma campanha estridente. Só é pena já não haver maneira de lhe escapar, como Jane Austen docemente escapou ao terramoto da Europa. Ao menos, domingo a feira acaba.”
“Domingo acaba” – Jornal Público de 7/10/05
Para lá do desencanto pelo paraíso perdido, que deliberadamente omiti, (porque nós ainda não desistimos), o autor sintetiza de forma magistral, a inutilidade desta “feira” autárquica, ao mesmo tempo que explica o enorme interesse que os partidos e o Estado napoleónico restante, têm na continuidade do “sistema”.
Pelo avesso, Pulido Valente fornece a doutrina para a reconstrução de Regiões Autónomas, onde os respectivos eleitos tenham de facto alguns daqueles poderes que actualmente irresponsabilizam os autarcas. Sem desculpas, directamente responsáveis perante as populações, empenhando a sua palavra, estes são os únicos eleitos que podem refrear as ambições centralistas dos partidos. Ainda que concorram com o seu emblema.
Discordo, claro, da via redutora de concelhos, porque isso significaria que não se tinha invertido a desertificação do interior do País. E eu quero crer que a autonomia regional é remédio para essa maleita.No resto, estamos de acordo.
- “ (...) A bem ou a mal, temos de saber que existem eleições e conviver com criaturas que não se recomendam. Fugitivos da justiça, trapalhões de carreira, corruptos comprovados, frades sem roupeta e filósofos fictícios berram, injuriam, agarram, puxam e abanam o cidadão para o convencer da sua excelência. Recebendo do Estado mais de 50 por cento do dinheiro que gastam, não são responsáveis financeiramente. Impedidos de tocar na lei do arrendamento, não são responsáveis pela direcção urbanística de parte alguma. Sem autoridade sobre a PSP e a GNR, não são responsáveis pela segurança. Não são também responsáveis pelo ordenamento territorial, pelo trânsito, pelo sistema escolar (felizmente!), pela saúde ou até por obras públicas de certo peso. São, em suma, irresponsáveis por 308 parcelas do território (tirando as freguesias), metade das quais se devia abolir, e servem principalmente para distribuir dinheiro (com duvidosa utilidade) e prover os compadres com empregos, quando não com negócios. Não admira que este enorme ‘saco azul’ inspire uma campanha estridente. Só é pena já não haver maneira de lhe escapar, como Jane Austen docemente escapou ao terramoto da Europa. Ao menos, domingo a feira acaba.”
“Domingo acaba” – Jornal Público de 7/10/05
Para lá do desencanto pelo paraíso perdido, que deliberadamente omiti, (porque nós ainda não desistimos), o autor sintetiza de forma magistral, a inutilidade desta “feira” autárquica, ao mesmo tempo que explica o enorme interesse que os partidos e o Estado napoleónico restante, têm na continuidade do “sistema”.
Pelo avesso, Pulido Valente fornece a doutrina para a reconstrução de Regiões Autónomas, onde os respectivos eleitos tenham de facto alguns daqueles poderes que actualmente irresponsabilizam os autarcas. Sem desculpas, directamente responsáveis perante as populações, empenhando a sua palavra, estes são os únicos eleitos que podem refrear as ambições centralistas dos partidos. Ainda que concorram com o seu emblema.
Discordo, claro, da via redutora de concelhos, porque isso significaria que não se tinha invertido a desertificação do interior do País. E eu quero crer que a autonomia regional é remédio para essa maleita.No resto, estamos de acordo.
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