Aquele que será dirigido aos ‘grandes eleitores’, em bom recato, longe dos holofotes e das câmaras de televisão.
Como não vou poder estar presente, deixo à minha e à Vossa imaginação a tarefa de adivinhar o teor desse discurso. Não deve andar muito longe disto:
- Portugueses que me elegeram: - nestes dez anos de exercício que agora terminam, fiz o que faria qualquer Presidente de um Conselho de Administração perante os seus accionistas – garanti os vossos dividendos. Não a todos porque não é possível, os pequenos accionistas vão ter que aguardar por melhores dias.
Já no que toca aos trabalhadores, podemos ficar descansados. O nosso Primeiro se encarregará de lhes pedir os sacrifícios que a situação exige.
Quero dizer-vos que desempenhei o cargo num contexto particularmente difícil, num País que mantém características pouco recomendáveis: os portugueses são maioritáriamente católicos o que dificultou a implementação de algumas medidas contrárias à Fé que professam, sem esquecer a pesada herança colonial originada pelos descobrimentos.
No capítulo interno ergui o futebol como desígnio nacional, propiciando um notável surto de obras públicas que muito beneficiaram os nossos maiores accionistas. E já que falamos em obras públicas, trabalhei em prol de uma boa solução para a Casa Pia, processo que vem ameaçando o nosso bem-estar e o próprio regime em que vivemos.
Mas nem tudo foram rosas. Tive de facto alguns problemas com os primeiros-ministros que não eram da cor, mas nada que eu não tenha resolvido a contento. Por fim, e já na qualidade de biombo, verdadeiro clímax dos poderes presidenciais, deixei passar, entre outros bons negócios, a OTA e o TGV. O que quer dizer que vai haver obras com as naturais derrapagens.
Na política externa não me vou alongar. Seguimos o figurino tradicional, protestamos cá dentro e cumprimos lá fora. Para os que estão menos familiarizados com os negócios estrangeiros, resumo a situação num conhecido ditado popular – enquanto há mesada, há esperança.
Não gostaria de terminar, sem fazer referência ao próximo acto eleitoral que irá designar quem me vai substituir neste cargo. Existem neste momento riscos acrescidos, nuvens que se adensam sobre o futuro do regime, e duas incertezas no horizonte – a Casa Pia e o cheque da União Europeia. Convinha por isso que o eleito já conhecesse os cantos à casa. Mas esse aspecto não é decisivo, como sabem.
Decisivo, é que os pequenos accionistas e os trabalhadores continuem convencidos que eu sou eleito por eles e não por vós. Se tiverem dúvidas, ou quando começarem a ter dúvidas será o nosso fim.
Um Bom Ano para nós.
Como não vou poder estar presente, deixo à minha e à Vossa imaginação a tarefa de adivinhar o teor desse discurso. Não deve andar muito longe disto:
- Portugueses que me elegeram: - nestes dez anos de exercício que agora terminam, fiz o que faria qualquer Presidente de um Conselho de Administração perante os seus accionistas – garanti os vossos dividendos. Não a todos porque não é possível, os pequenos accionistas vão ter que aguardar por melhores dias.
Já no que toca aos trabalhadores, podemos ficar descansados. O nosso Primeiro se encarregará de lhes pedir os sacrifícios que a situação exige.
Quero dizer-vos que desempenhei o cargo num contexto particularmente difícil, num País que mantém características pouco recomendáveis: os portugueses são maioritáriamente católicos o que dificultou a implementação de algumas medidas contrárias à Fé que professam, sem esquecer a pesada herança colonial originada pelos descobrimentos.
No capítulo interno ergui o futebol como desígnio nacional, propiciando um notável surto de obras públicas que muito beneficiaram os nossos maiores accionistas. E já que falamos em obras públicas, trabalhei em prol de uma boa solução para a Casa Pia, processo que vem ameaçando o nosso bem-estar e o próprio regime em que vivemos.
Mas nem tudo foram rosas. Tive de facto alguns problemas com os primeiros-ministros que não eram da cor, mas nada que eu não tenha resolvido a contento. Por fim, e já na qualidade de biombo, verdadeiro clímax dos poderes presidenciais, deixei passar, entre outros bons negócios, a OTA e o TGV. O que quer dizer que vai haver obras com as naturais derrapagens.
Na política externa não me vou alongar. Seguimos o figurino tradicional, protestamos cá dentro e cumprimos lá fora. Para os que estão menos familiarizados com os negócios estrangeiros, resumo a situação num conhecido ditado popular – enquanto há mesada, há esperança.
Não gostaria de terminar, sem fazer referência ao próximo acto eleitoral que irá designar quem me vai substituir neste cargo. Existem neste momento riscos acrescidos, nuvens que se adensam sobre o futuro do regime, e duas incertezas no horizonte – a Casa Pia e o cheque da União Europeia. Convinha por isso que o eleito já conhecesse os cantos à casa. Mas esse aspecto não é decisivo, como sabem.
Decisivo, é que os pequenos accionistas e os trabalhadores continuem convencidos que eu sou eleito por eles e não por vós. Se tiverem dúvidas, ou quando começarem a ter dúvidas será o nosso fim.
Um Bom Ano para nós.
Sem comentários:
Enviar um comentário