Mais uma noite de guarda àqueles que me protegem, mais uma noite de silêncio, para ouvir falar de teatro! Na televisão!
Programa com um início surpreendente! Desde o primeiro minuto rendido à expressão de Fátima, cada vez mais bela, de encarnado e bem segura! Ontem, enquanto olhava com enlevo e carinho para Manuel de Oliveira, pareceu-me a Lollobrigida!
Eu sei que o isolamento e o próprio ambiente um tanto soturno, que me rodeava, prestam-se por vezes a devaneios que a realidade no dia seguinte desmente, mas foi assim, neste estado de alma, que acompanhei a evolução dos ‘prós e contras’!
Manuel de Oliveira, confirmei-o ontem de novo, é de facto muito mais interessante que os seus filmes. Que são naturalmente obras-primas, não para ver, mas para existirem como tais. Talvez as próximas gerações as entendam...
Não me lembro de ter assistido do princípio ao fim a nenhum desses monumentos, mas fiquei com pena de não ter visto aquele que conta, ou não conta, a história do nosso desventurado Afonso VI, um Rei, que se fosse Inglês, teria direito a verso e prosa pela pena de um Shakespeare. Mas nós estamos assim, incapazes de nos distanciarmos do objecto dos nossos ódios e estimações. Incapazes de dar vida a um personagem histórico que tenha sido Rei! Ou há-de ser um herói indiscutível, ou há-de ser um vilão indiscutível!
Manuel de Oliveira teve e tem no entanto o mérito de ter tentado levar esse drama para uma tela, e será lembrado por isso.
Mas por exemplo, quem se atreveria a ir ver um filme sobre D. Sebastião?
Ou antes, que cineasta, ou que autor, estaria hoje em condições de fabricar uma obra de referência sobre tão controverso personagem? Que lhe fizesse justiça? A ele e a nós? Uma obra que imaginássemos ao mesmo tempo da carne e do osso da nossa história presente... e futura?!
Foi com este pensamento que me esqueci de Fátima, que estava agora de pé e de costas, menos favorecida, a conversar com uma Ministra da Cultura, de pescoço atlético na estreiteza dos ombros, penteado ‘à la diable’, a boca recortada no além-mar, o princípio de outro devaneio!
Tempo para o pano descer sobre mim. Estávamos no segundo acto...
Programa com um início surpreendente! Desde o primeiro minuto rendido à expressão de Fátima, cada vez mais bela, de encarnado e bem segura! Ontem, enquanto olhava com enlevo e carinho para Manuel de Oliveira, pareceu-me a Lollobrigida!
Eu sei que o isolamento e o próprio ambiente um tanto soturno, que me rodeava, prestam-se por vezes a devaneios que a realidade no dia seguinte desmente, mas foi assim, neste estado de alma, que acompanhei a evolução dos ‘prós e contras’!
Manuel de Oliveira, confirmei-o ontem de novo, é de facto muito mais interessante que os seus filmes. Que são naturalmente obras-primas, não para ver, mas para existirem como tais. Talvez as próximas gerações as entendam...
Não me lembro de ter assistido do princípio ao fim a nenhum desses monumentos, mas fiquei com pena de não ter visto aquele que conta, ou não conta, a história do nosso desventurado Afonso VI, um Rei, que se fosse Inglês, teria direito a verso e prosa pela pena de um Shakespeare. Mas nós estamos assim, incapazes de nos distanciarmos do objecto dos nossos ódios e estimações. Incapazes de dar vida a um personagem histórico que tenha sido Rei! Ou há-de ser um herói indiscutível, ou há-de ser um vilão indiscutível!
Manuel de Oliveira teve e tem no entanto o mérito de ter tentado levar esse drama para uma tela, e será lembrado por isso.
Mas por exemplo, quem se atreveria a ir ver um filme sobre D. Sebastião?
Ou antes, que cineasta, ou que autor, estaria hoje em condições de fabricar uma obra de referência sobre tão controverso personagem? Que lhe fizesse justiça? A ele e a nós? Uma obra que imaginássemos ao mesmo tempo da carne e do osso da nossa história presente... e futura?!
Foi com este pensamento que me esqueci de Fátima, que estava agora de pé e de costas, menos favorecida, a conversar com uma Ministra da Cultura, de pescoço atlético na estreiteza dos ombros, penteado ‘à la diable’, a boca recortada no além-mar, o princípio de outro devaneio!
Tempo para o pano descer sobre mim. Estávamos no segundo acto...
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