Confesso que não consigo alcançar
esta catarse colectiva, este culto sem sentido, esta trasladação excessiva que
se apoderou de Eusébio, e que faz de Eusébio aquilo que ele não pode ser! O
próprio na sua simplicidade não compreenderia este aparato! E quem o quiser
compreender terá inevitávelmente que desenterrar outras razões.
O estado de orfandade em que o país
se encontra, o desnorte, a substituição de valores, serão razões mais ou menos
visíveis. Quanto às invisíveis posso dizer alguma coisa:
Eusébio é afinal um símbolo do Portugal
pluricontinental, um português que nasceu no ultramar, que alinhou pela
selecção nacional, e essa circunstância, essa memória traída, também estarão (dissimuladamente)
presentes nesta homenagem. E isso até posso compreender.
Agora o que não compreendo é o
aproveitamento político que se fez e que se faz da figura de Eusébio. Aproveitamento
que se resume numa pergunta: - Que faz Eusébio no Panteão da república?! Não
haverá um local onde todos os portugueses, sejam ou não republicanos, o possam recordar?!
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