Era um carteirista com uma longa carreira, e podia considerar-se bem sucedido.
Com o tempo aprendera a distinguir os “clientes”, e hoje dedicava-se mais à investigação do que propriamente à profissão. O seu grande objectivo era descortinar a verdadeira identidade da vítima, aquilo a que nos seus estudos designava por “vítima real”.
Descobrira muito rapidamente que a maior parte dos lesados viviam directa ou indirectamente do Orçamento de Estado, o que, se não lhe atenuava a culpa, ao menos, aliviava-lhe a consciência!
Num raciocínio simplista, e atendendo à situação económica do País, as verbas que “colectava” não podiam corresponder a contrapartida de trabalho realmente produtivo, seriam pois, quiçá, remunerações indevidas?! Podíamos chamar-lhes subsídios.
Mas a verdadeira revelação, o que de facto mudou a sua vida, e o atirou para a carreira de investigador, digamos “socio-económico”, aconteceu quando subtraiu a carteira a um advogado. Contra o seu hábito, depois de retirar o numerário, resolveu examinar mais detalhadamente a documentação inclusa.
No meio da inscrição de profissão liberal, viam-se avenças por serviços e cargos em empresas públicas, semi-publicas e privadas; recibos de pareceres de toda a espécie, para organismos do Estado, outra vez as tais empresas, as autarquias, etc.etc.etc.
Surpreendido, farejou de imediato a “vítima real” – o Orçamento do Estado.
Já não parou. Diversificou as buscas (subtracções). Seguiu as pistas: grandes empresas – obras, fornecimentos e serviços ao Estado, autarquias e às tais empresas – aí estava novamente a “vítima real”.
No mundo do futebol, só poupou os jogadores do seu clube do coração! No resto, em cada intervenção, já sabia que a vítima não era a que gritava pela polícia.
Evitou o pequeno comércio, aliás em vias de extinção, e para lá de uma ou outra excepção, de uma ou outra dúvida, os estudos estavam feitos e batiam certo: tinha passado a vida a roubar o Orçamento de Estado!
Com o tempo aprendera a distinguir os “clientes”, e hoje dedicava-se mais à investigação do que propriamente à profissão. O seu grande objectivo era descortinar a verdadeira identidade da vítima, aquilo a que nos seus estudos designava por “vítima real”.
Descobrira muito rapidamente que a maior parte dos lesados viviam directa ou indirectamente do Orçamento de Estado, o que, se não lhe atenuava a culpa, ao menos, aliviava-lhe a consciência!
Num raciocínio simplista, e atendendo à situação económica do País, as verbas que “colectava” não podiam corresponder a contrapartida de trabalho realmente produtivo, seriam pois, quiçá, remunerações indevidas?! Podíamos chamar-lhes subsídios.
Mas a verdadeira revelação, o que de facto mudou a sua vida, e o atirou para a carreira de investigador, digamos “socio-económico”, aconteceu quando subtraiu a carteira a um advogado. Contra o seu hábito, depois de retirar o numerário, resolveu examinar mais detalhadamente a documentação inclusa.
No meio da inscrição de profissão liberal, viam-se avenças por serviços e cargos em empresas públicas, semi-publicas e privadas; recibos de pareceres de toda a espécie, para organismos do Estado, outra vez as tais empresas, as autarquias, etc.etc.etc.
Surpreendido, farejou de imediato a “vítima real” – o Orçamento do Estado.
Já não parou. Diversificou as buscas (subtracções). Seguiu as pistas: grandes empresas – obras, fornecimentos e serviços ao Estado, autarquias e às tais empresas – aí estava novamente a “vítima real”.
No mundo do futebol, só poupou os jogadores do seu clube do coração! No resto, em cada intervenção, já sabia que a vítima não era a que gritava pela polícia.
Evitou o pequeno comércio, aliás em vias de extinção, e para lá de uma ou outra excepção, de uma ou outra dúvida, os estudos estavam feitos e batiam certo: tinha passado a vida a roubar o Orçamento de Estado!
Não se sentiu incomodado, já que bem feitas as contas aquilo era apenas uma migalha – nem pagava o trabalho da investigação. Verdadeiro remorso, só sentiu verdadeiramente, quando num momento infeliz, e por mera questão de hábito, subtraíra a carteira ao engraxador do café lá do bairro. Mais tarde veio a saber que o homem não recebia subsídios e que afinal, vivia só do seu trabalho!
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