À hora a que escrevo estas linhas
a república festeja-se em mais uma cerimónia de passagem do testemunho. Um
testemunho pouco estimulante e muito dependente. Não quero assistir, prefiro adivinhar.
Terá a pompa possível, há-de haver cravos, dizem que vem o rei de Espanha, e não
me custa admitir que o novo delfim reúne á sua volta um amplo consenso! Outra
coisa não seria de esperar. O país conhece-o da televisão, foram muitos anos e
muitos comentários, mas acima de tudo tem a linhagem que o recomenda. Filho de
um alto dirigente da segunda república, com raízes no império, o que é bom,
sofre contudo da síndroma do implante, o que é mau. Mas foi infelizmente esta
parte má que lhe deu as esporas para chegar onde chegou.
Adivinhando um pouco aquilo que
terá pela frente, podemos dividir o problema em dois: - internamente, e com as
causas fracturantes a subirem de tom, só Costa o poderá salvar. A alternativa é
promulgar leis que a constituição consente, mas serão contra a sua consciência.
O mesmo aconteceu com o seu antecessor. No plano externo, a presidência dos
afectos que tanto ambiciona, depende mais uma vez de Costa e da perfomance do
seu governo. A alternativa passa pelo reforço do presidencialismo, o contrário
da presidência dos afectos. Se fosse cartomante arriscaria dizer que Marcelo
será o último presidente da terceira república.
Saudações monárquicas
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