Não há sítio onde me possa
esconder, onde não me perguntem pelo novo presidente! A realidade é mais forte
e assino a rendição. Compro o jornal. Leio o que dizem do discurso, as notas
que lhe deram, leio as promessas, vislumbro expectativas, todos esperam do
presidente aquilo que ele não lhes pode dar! Um discurso que um Rei não
precisaria sequer de pronunciar.
Mesmo assim Marcelo é generoso,
tenta agradar à esquerda e á direita, quer fazer uma ponte entre o passado e o
futuro, não consegue. Não o deixam. Invoca Mouzinho! O presidente de
Moçambique, convidado de honra e provável descendente dos Vátuas, não se queixa.
Mas o Bloco não gosta. Quer apagar o passado, eliminar os heróis coloniais, quer
pertencer a outra história! Noutro passo, Marcelo invoca Torga, um escritor que
aprecio, mas um lugar-comum nos discursos da direita. Torga morreu desiludido com
a revolução dos cravos, com o socialismo, consigo próprio. Finalmente Lobo Antunes,
um apelido incontornável nesta terceira república. Um excesso de cortesia. Como li algures – um discurso estilo Miss Universo.
Saudações monárquicas
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