quinta-feira, dezembro 14, 2006

Um português, um livro

Num país vencido pela ignorância, que apenas lê o jornal desportivo da sua cor clubista, não se percebe muito bem este furor publicista que desagua invariavelmente em livro de memórias!
Faço parte da dúvida, pois tenho eu próprio que justificar, postal atrás de postal, a razão de tamanho ímpeto confessional. Que não chega a livro… por enquanto.
Pois bem, se conseguir explicar-me, talvez consiga explicar o enigma.
Provavelmente será falta de catequese, falta da prática da verdadeira confissão, daquele momento concreto concebido para remissão dos nossos pecados. Mas não posso enveredar por um discurso ininteligível para os contemporâneos, maioritariamente ateus ou simplesmente alheios, terei que tentar explicar isto de outra maneira.
Com efeito em todas estas memórias, que mais não são que confissões, o que ressalta, para além do aspecto justificativo, é o arrependimento! Uma enorme necessidade de compreensão, ou até de perdão, para o que se tenha feito de errado ou duvidoso. E onde coexiste um grande empenho em fazer melhor.
Uma confissão pública, até mais exigente que a verdadeira, se for sincera, mas a imagem que permanece é a de uma absoluta desorientação e falta de Deus.
E uma solidão invencível!
Não chegam os telemóveis que a cada segundo nos põem em comunicação com o próximo, não bastam as grandes concentrações de pessoas, gritando, ou simplesmente “gemendo e chorando neste vale de lágrimas”! Nada consegue preencher o sentido deste dia, e do outro que chega amanhã!
Falta Deus, mas já se nota algum arrependimento.

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