quarta-feira, novembro 29, 2006

Droga-te com cuidado

Evita as doenças, eu ajudo-te a consumir nas melhores condições, é uma pena que isso te faça mal à saúde! Saúde física, bem entendido, aos dentes, ao fígado, aos pulmões, à pele, tens aqui seringas, vou ali buscar heroína e já venho, passarei por aqui todos os dias e conversaremos sobre a tua vida, não queres um prato de sopa?! Até amanhã.
Este diálogo existe, eu não posso julgá-lo, nem sequer criticar quem assim procede. Muita gente de boa fé acorre na tentativa de combater um estranho mal que tomou conta do mundo, que não conseguimos atribuir aos nossos hábitos, aos valores que abandonámos, porque isso, sim, seria doloroso, estávamos a pôr em causa tudo aquilo em que hoje acreditamos!
Mas se esta atitude ainda se pode compreender em termos individuais, já não é aceitável que o Estado permaneça cego perante o erro, ocupando o discurso com a ‘redução de danos’, prova insofismável de conformismo, ao mesmo tempo que envia para a sociedade uma mensagem terrível – a droga só é um mal porque não te faz bem à saúde!
E não se diga que todas as ajudas são boas, porque algumas acabam por inviabilizar ou anular outras, bem mais condizentes com a dignidade da pessoa humana.
Ainda por cima, sem êxito: o aumento do HIV e das suas consequências, como a tuberculose, espelham o fracasso desta política!
Neste contexto, é lícito perguntar: mas porque não muda o Estado, ou o Governo, de política?!
Porque isso seria refutar a filosofia triunfante, obrigaria a rever conceitos, a recuperar valores entretanto postergados, com consequências tremendas para os senhores do regime.
Não vejo outra explicação.

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