sábado, novembro 25, 2006

Um dia de Comandos

Hoje paguei a bica ao Inácio. Ainda trazia a boina encarnada na mão, tinha vindo da Amadora, onde vai todos os anos para relembrar com os antigos companheiros de armas o dia 25 de Novembro de 1975.
Ele foi um dos muitos desmobilizados que acorreu à chamada e que participou nas operações que deram o triunfo à república que temos hoje.
Nada de especial, disse-me a brincar, para quem arriscou a vida, sempre disponível para defender a Pátria, como já tinha feito em Angola e Moçambique! À mesa do café, na minha frente, estava um soldado português!
Em poucas palavras disse-me o que a memória ainda guarda: frente ao portão fechado da Força Aérea em Monsanto, o Jaime Neves deu três minutos para se renderem, mas ao fim de dois minutos o portão abriu-se, estava toda a gente perfilada, e as armas empilhadas no chão. Em todos os outros locais sucedeu o mesmo, ou quase o mesmo, os cabecilhas fugiram, as forças oposicionistas renderam-se. Na Ajuda caíram dois Comandos atingidos cobardemente pelas costas.
O Partido Comunista, que manobrou sempre na sombra, fingiu-se de inocente e foi poupado no fim.
Enfim, digo eu, mas uma bica foi pouco.

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